"No
dia 29 de Setembro, comemora-se o Dia Mundial do Coração. O objetivo é alertar
a população para as doenças que colocam em risco a saúde desse precioso órgão
e, principalmente, ensinar a preveni-las. Neste artigo, você vai saber se faz
parte ou não do grupo mais propenso a desenvolver problemas cardiovasculares e
ainda aprender como cuidar bem do seu coração".
"A prevenção deve começar cedo,
pois muitas vezes não aparecem sintomas, a detecção da doença é tardia e o
tratamento torna-se apenas um paliativo", alerta o cardiologista
Glauberson Cardoso Vieira, representante em
Minas Gerais do
Fundo para Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia (Funcor). A saúde do coração
e do sistema vascular (conjunto de veias e artérias) depende de hábitos
saudáveis desde a infância.
Doenças mais Comuns:
- Infarto
- O infarto agudo do miocárdio é uma das doenças
cardíacas mais temidas, devido ao alto índice de mortalidade. Metade das pessoas
que tem um infarto não sobrevive a tempo de receber atendimento médico. O
infarto é provocado pela formação de um coágulo que obstrui totalmente a
passagem do sangue em uma artéria do coração, causando morte de uma
determinada região do músculo cardíaco (miocárdio). O sintoma mais comum é
uma forte dor no peito.
- Insuficiência
cardíaca - Ocorre quando o coração não
consegue bombear sangue suficiente para o restante do corpo. Segundo a
classificação da Associação do Coração de Nova Iorque (em inglês, New York
Heart Association - NYHA), a insuficiência cardíaca é dividida em quatro
classes, de acordo com a severidade do problema: I (assintomática), II
(leve), III (moderada) e IV (grave).
- Má
circulação - Chamada pelos médicos de
insuficiência vascular periférica. Os sintomas mais comuns são dores nas
pernas, que aparecem com freqüência durante caminhadas, e passam durante o
repouso.
- Arritmias
- É quando o coração bate de forma irregular, ou muito
rápido ou muito devagar. O coração de um adulto normal, em repouso, bate
de 60
a 80
vezes por minuto. Ritmos cardíacos lentos são chamados bradicardias;
ritmos rápidos são chamados taquicardias. As arritmias podem ser de vários
tipos e são mais freqüentes à medida que o indivíduo envelhece. Vale
lembrar que é absolutamente normal o coração bater mais rápido em
situações de excitação, medo ou durante a prática de exercícios físicos.
- Derrame
cerebral - Conhecido no meio científico
como Acidente Vascular Cerebral (AVC), trata-se de um sangramento no
cérebro por causa do rompimento de vasos sanguíneos. Pode acarretar sequelas graves e morte. Apesar de não ser uma doença cardíaca, o derrame
cerebral é uma doença vascular grave e está relacionado aos mesmos fatores
de risco das doenças do coração.
- Colesterol
alto - É assintomático e detectado
somente através de exames de sangue. O excesso de colesterol é perigoso,
porque ele é depositado na parede das artérias, provocando a formação de
placas gordurosas. Com o tempo, essas placas obstruem os vasos sanguíneos
e impedem a circulação do sangue. Pode acarretar várias doenças, infarto,
derrame e problemas de circulação.
- Tabagismo
- O cigarro contém cerca de quatro mil substâncias
tóxicas para o organismo. Entre elas, estão o alcatrão e a nicotina,
responsáveis pelo vício. O fumo provoca lesões na superfície dos vasos
sanguíneos, favorecendo a entrada e o acúmulo do colesterol nas artérias
coronárias. Está relacionado ao surgimento e/ou complicação de todas as
doenças cardiovasculares. Pode ainda provocar diversos tipos de câncer.
- Pressão
alta - Também chamada de hipertensão
arterial. É um dos grandes vilões das doenças cardiovasculares, chamada de
"assassino silencioso", porque raramente provoca sintomas. A
hipertensão caracteriza-se pelo bombeamento de sangue a uma pressão
superior àquela encontrada na maioria das pessoas, de até 140/90 mmHg
(milímetros de mercúrio, unidade usada para medir a pressão). Pessoas com
pressão arterial acima de 140/90 mmHg correm mais risco de ter problemas
no coração, cérebro e nos rins. A ação da pressão alta nos vasos
sanguíneos é semelhante a do cigarro, isto é, provoca lesões e favorece o
acúmulo de colesterol. A hipertensão afeta cerca de 20% da população
brasileira e seus efeitos tendem a ser mais sérios em pessoas da raça
negra.
- Obesidade
e sedentarismo - Pessoas com excesso de peso
tendem a ter altas taxas de colesterol no sangue e predisposição a
diabetes. Da mesma forma, quem não faz nenhuma atividade física corre mais
risco de enfrentar problemas de pressão e colesterol altos. Além disso, os
exercícios melhoram o condicionamento físico, a resistência, o humor e a
qualidade de vida em geral.
- História
familiar - O aparecimento de doenças
cardiovasculares tem um componente genético. Quem possui parentes de 1º
grau (pais e/ou irmãos) que desenvolveram o problema antes dos 50 anos (no
caso dos homens) e antes dos 60 anos (no caso das mulheres) tem mais
chances de também sofrer do coração. "Os hormônios estrógeno e
progesterona são uma proteção natural para o sistema cardiovascular
feminino. Por isso, essas doenças tendem a se manifestar mais tarde nas
mulheres", explica Dr. Glauberson.
Cansaço aumentado, falta de ar,
respiração curta, palpitações incômodas, dores no peito, dores nas pernas ao
andar, inchaço no rosto e nas pernas, machucados que demoram a cicatrizar. Ao
notar o aparecimento de algum desses sintomas, o melhor é procurar auxílio
médico. "São sinais de que a pessoa pode possuir uma doença cardiovascular
ou então conviver com fatores que podem desencadeá-la, como pressão alta ou diabetes",
explica o cardiologista. Em alguns casos, as doenças cardiovasculares não
apresentam sintomas e podem levar décadas para se manifestar. Por isso, é
importante prevenir-se, visitando o médico regularmente.
Fatores de Risco:
A melhor forma de prevenir ou adiar
ao máximo o surgimento de doenças cardiovasculares é levar uma vida saudável.
Os cuidados começam com a alimentação, que deve privilegiar vegetais, gordura
vegetal, cereais e frutas. Estudo apresentado no 23º Congresso da Sociedade
Européia de Cardiologia, na Suécia, provou que o consumo exacerbado de carnes,
gordura animal, derivados do leite, açúcar e cerveja leva a problemas
cardiovasculares. Sal em excesso também é perigoso, especialmente para quem tem
pressão alta. A boa alimentação pode evitar problemas de colesterol, pressão
alta e obesidade.
Praticar exercícios físicos
regulares é o segundo passo para cuidar da saúde do coração. A atividade física
beneficia o controle da pressão arterial, do colesterol e também da glicose,
além de ajudar a emagrecer. "Está comprovado cientificamente que as
pessoas que fazem de vinte a trinta minutos de exercícios físicos diários vivem
mais e melhor", afirma o cardiologista. As atividades mais indicadas são
as aeróbicas, como caminhadas, natação e ciclismo.
Manter distância do cigarro. Se você
fuma e deseja parar, o mais indicado é buscar auxílio de especialistas.
"Menos de 3% dos fumantes conseguem deixar o vício espontaneamente. E a
maioria desses volta a fumar após seis meses de abstinência", alerta Dr.
Glauberson. Hoje existem várias técnicas que ajudam a minimizar o desejo de
acender o cigarro, como gomas de mascar, adesivos e remédios. Qualquer médico
pode orientar no tratamento. Mas o principal mesmo é ter força de vontade.
Além desses cuidados no dia-a-dia,
todas as pessoas - mesmo as que se sentem absolutamente saudáveis - devem
visitar o consultório médico com regularidade: uma vez por ano, por exemplo.
Não se deve aguardar o aparecimento de problemas. Lembre-se: colesterol alto e
hipertensão são assintomáticos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda
que a medição do colesterol no sangue seja feita periodicamente, a partir dos
20 anos. Mas é bom lembrar que nem mesmo as crianças estão livres do problema.
Quem fuma,
tem colesterol alto, hipertensão arterial, diabetes; é obeso ou sedentário; ou
ainda têm pais e/ou irmãos com problemas cardiovasculares deve ter atenção
redobrada. Nesse grupo estão as pessoas que têm maior tendência a sofrer do
coração. O velho ditado é ainda o mais apropriado: prevenir é o melhor remédio
- principalmente para o coração.