Ser palhaço
Ser palhaço é ter a
capacidade de descobrir o riso, de partir na busca do inusitado, ávido por novos
ares, por diferentes pontes, por mares e terras nunca vistos. É encontrar
alegria, onde todos, antes, só viam a desventura, a aflição, o sofrimento.
Ser palhaço é trazer dentro de si a sublime arte de encontrar uma melhor forma
de ver a vida, de superar as barreiras, de plantar o sorriso na face de quem
tão-somente ofertava caras e caretas, jeito de poucos amigos
Ser palhaço é trajar a roupagem do não-posto, desfraldar o não-visto, arrancar a
carapuça de quem se esconde por detrás da mediocridade, do comodismo, da mesmice.
Ser palhaço é não ter medo de bancar o bobo, de perguntar o ainda não inquirido,
de tocar em pontos, na aparência, fortes, mas na essência frágeis, castelos de
areia de caducas certezas. É possuir a habilidade de troçar do espúrio, do
preconceito, dos falsos doutos.
Ser palhaço é fazer rir, mesmo que dentro do peito a tristeza insista em querer
morar, pois sabe que é preciso viver, é necessário, e imprescindível, brincar.
Todo verdadeiro palhaço labuta, incansavelmente, para que os outros caminhem
melhor.
Ser palhaço é morar no alto do picadeiro da vida, pintar o rosto com a máscara
da verdade, apesar do enganoso disfarce do engraçado. É lambuzar de colorido o
corpo para explorar o exótico, forma de romper limites, de regar venturas, de
colher felicidade.
Ser palhaço é ser ciente de que a humildade é companheira da alegria, que no
fundo de todos nós mora uma criança, que, caso seja desperta, passará a
reinstalar seu reinado na face das cidades, a cultivar roseiras de criatividade
no colo cinza dos dias, a ofertar auroras na casmurrice da rotina insana.
Trecho de Pedagogia da Gestão - dando asas ao seu talento
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